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Caravaneando

Este foi o segundo ano que a Caravana Rolidey - Literatura na Estrada, projeto criado pelo escritor e professor Erre Amaral, participa do Livro Livre da CPTM.

Mais uma vez, é aquela loucura pra convidar as pessoas todas, ver quem consegue vir de outras cidades (e estados), organizar as mesas de acordo com as disponibilidades de dia e horário dos participantes, e... esperar pra ver o que acontece! Como sempre, em eventos culturais, não dá pra saber se vai aparecer gente, se não, se alguém vai nos ouvir e se interessar, é puro enigma.

Sendo um evento que se realiza há onze anos nas estações de trem da CPTM, menos ainda! Estações são locais de trânsito, em que a pressa circula e se faz senhora, todos estão indo ou vindo de algum lugar e ninguém quer ficar parado nesse espaço da passagem. Ou quase ninguém. Porque, e quase incrivelmente, há pessoas que param e ficam para ver do que se trata. Mesmo as que escutam só um pedaço, mesmo as que escutam mais de longe. Mas há. E há ainda as que se sentam numa das cadeiras de plástico branco e se põem a ouvir e a fazer perguntas, deixando a todos nós inundados pela alegria do encontro.

Na terça, primeiro dia do evento, lá fomos nós à Estação da Luz. Imponente, parte da história da cidade, lotada o tempo todo, bela. Eu não estava nos meus melhores dias, por questões em nada relacionadas ao evento, mas fui logo renovada e envolvida nas risadas, com Eugen Weiss e Márcia Barbieri, antes mesmo do nosso papo com o público começar.

Logo vieram Pedro Tostes e Marcelo Maluf e a trupe estava pronta. Márcia leu um trecho de seu novo romance, O enterro do lobo branco, comentou sobre a experiência de divulgar fragmentos de um texto ainda em produção numa rede social como o Facebook, e observou que se fizesse, daqui pra diante, A puta 2, A puta 3 e A puta 4, poderia até ficar rica, tamanho o interesse que seu romance intitulado A puta desperta, alimentando muitas vezes, em incautos leitores, a expectativa de se tratar de um texto pornô. Peninha. Mas eu e Márcia já começamos as tratativas para a filmagem do romance, com o que esperamos ficar ricas, ao menos isso.

Márcia Barbieri

Brincadeiras de lado, o húngaro Eugen nos contou de sua trajetória como engenheiro, de sua relação afetiva com o lugar em que estávamos reunidos, que foi parte de sua infância, e de como, a partir de uma oficina para escrever cartas de amor, foi se envolver nessa história de fazer literatura, não parando mais, chegando ao lançamento de sua novela Tristorosa, acontecido há nem um mês.

Marcelo Maluf falou sobre o processo de pesquisa e escrita de seu romance A imensidão íntima dos carneiros, de como soube quase por acaso de uma história que era um segredo familiar, criando a partir dela o mote para sua narrativa, na qual inventou o avô que ele , em vida, não conheceu. Falou também da alegria pelo Prêmio São Paulo deste ano e por estar entre os finalistas do Jabuti.

Pedro Tostes nos envolveu com seus poemas certeiros, bem-humorados e ferinos, e com suas histórias de uma vida em que a poesia é sustento diário. Seu episódio na Flip, quando teve seus livros apreendidos, é bárbaro.

E as perguntas vieram, Affonso Romero, um dos organizadores do Livro Livre, aproveitou para, a partir de um determinado momento, irmanar nossa conversa à da próxima atração do evento, e quando vimos já falávamos também de ficção científica.

A literatura propicia dificuldades, é fato, como se falou aliás em nosso papo - viver dela é difícil demais. Mas propicia, além do prazer com a palavra, lida eou escrita, esse prazer de encontrar tantas outras pessoas que sentem e vibram com essa mesma paixão, abrindo-nos mundos novos.

A Estação da Luz tem uma acústica ruim para eventos desse tipo. Mas é um dos lugares mais bonitos para se conversar, disso nenhum de nós teve dúvida.

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Geração armada: literatura e resistência em Angola e no brasil
É o título do livro originado da dissertação de mestrado que defendi na USP, no programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. Trabalhei com o romance A geração da utopia, do escritor angolanod Pepetela, e com o testemunho Viagem à luta armada, de Carlos Eugênio Paz, ex-militante da ALN.

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