Reflexões pessimistas de uma jovem de 18 anos
- Marina Ruivo
- 7 de jan. de 2016
- 1 min de leitura

Estou desde segunda-feira arrumando e arrumando livros e papéis, numa trabalheira que não tem mais fim.
Eis que encontro o texto a seguir, redigido em 1996. Está manuscrito em folhas de rascunho, no verso de uma impressão daquelas em papel contínuo.
Achei curioso tê-lo escrito numa época pré-Facebook. Porque, parece incrível, mas nós já conseguimos viver sem Facebook.
Aí vai: (antes, aviso que não cortei nada nem alterei, o texto segue como foi escrito lá atrás, com todo seu caráter inocente e, mesmo simplório)
Gotas que pingam pingo a pingo. Sem parar, parando o tempo, dando um tempo.
A vida é cruel.
Cruel, cruel demais. E é muito bela também, que paradoxo interessante. É a modernidade, assim o dizem. Êta tempo complicado! Tanta coisa acontecendo, tanta vida correndo, e muitos nem aí para ela.
É o computador que atrai e fascina, esvaziado seu uso, tornado apenas diversão. Ou melhor, retiro o apenas. Retiro-o e explico o porquê. Porque ele virou companhia. Solitários ou quem se faz solitário, afastando-se da rua - que é perigosa, dizem - e confinando-se em um apartamento. Literalmente vendo a vida passar pela janela, que é o Windows, apresentando-se diretamente pela tela do computador.
Que agonia. Anda relógio, e me traz vida. Me traz vida!! Não é possível assim! Anda, anda rápido, tão rápido que seu efeito suma, anestesie-se. Vamos, o que está esperando?
* * *
Abriu os olhos e viu-se no escuro, na mais completa escuridão. Onde estava? Era difícil enxergar e tudo lhe era muito estranho, irreconhecível. Pôde perceber que estava num beliche, na cama de cima.
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O texto parou aí. E aqui paro eu também.
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