Henry e June: Impressões de leitura
- Marina Silva Ruivo
- 7 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

Estou ainda lendo esta obra de Anaïs Nin, depois de ter lido, há bastante tempo, o seu famoso Delta de Vênus.
Por isso, não posso ainda resenhá-la de fato. Mas não resisto a brevíssimas impressões de leitura, já que o que é curioso neste Henry e June, todo originado dos diários da autora, é que há momentos em que penso que não vou continuar a sua leitura, que já deu, já saquei os sentimentos confusos de Anaïs com relação ao casal, seu amor por ambos e tudo o mais. Mas aí resolvo prosseguir na leitura e, a cada vez, sou novamente agarrada.
É difícil dar uma pausa nesta leitura. Geralmente só consigo quando estou já com os olhos fechando de sono, ou ardendo muito. Aí vejo que não dá mais, embora a vontade fosse continuar e ver como Anaïs vai fazer. Depois, durante o dia seguinte, hesito novamente em continuar, até que a casa fica em silêncio à noite e eu regresso à leitura, viciada.
É curioso também por ser um diário, embora saibamos que se trata de um diário elaborado (mesmo pensando que aqui são os diários "não expurgados", como consta na capa). Anaïs era uma escritora e em seu diário fala também de como o elaborava, de como o que nele registrava não era "espontâneo" (e o que seria esse "espontâneo", podemos perguntar nós).
Voltarei a falar dessa obra, mas agora quero apenas assinalar ainda duas coisinhas: o fato de ser um diário, como eu falava, me fez lembrar de Virginia Woolf, em Um teto todo seu, refletindo sobre por que, durante muito tempo, às mulheres cabia escrever (e olhe lá) em seus diários, mas nada além.
Segunda coisa, que em nada se assemelha a esta: Anaïs é personagem ambígua, ao mesmo tempo doida e depravada e casta e cheia de conflitos. Ela (e Hugo, Eduardo, Henry, June, Fred) nos fazem pensar em cada faceta que temos também dentro de nós. Talvez aí, na força das personagens, esteja a principal força do livro.
Paro por aqui, por ora.
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