Tempos de turbilhão
- Marina Ruivo
- 8 de set. de 2015
- 2 min de leitura

Recolhidos e organizados por Eric Nepomuceno, os textos que compõem este livro foram produzidos ao longo de vários momentos na vida desta figura central de nossa história recente – política, educacional, intelectual, literária. Em todos eles, a reflexão se volta para os momentos imediatamente anteriores ao golpe civil-militar de 1964 e para o Brasil já sob vigência do que veio a ser a mais longa de nossas ditadura.
Em 1964, antes do golpe, Darcy Ribeiro era o segundo homem mais importante da nação, como chefe da Casa Civil da Presidência de João Goulart (o qual não tinha vice-presidente, pois ele é que havia sido o vice-presidente eleito, empossado presidente em 1961 depois da renúncia de Jânio Quadros, não sem antes enfrentar a terrível oposição daqueles setores, civis e militares, que não queriam que Jango tomasse posse).
Darcy procurou o máximo que pode resistir ao golpe, disponibilizando-se inclusive a ceder armas ao Partido Comunista Brasileiro para a resistência, e isso sem que Jango soubesse. Consolidada a derrota, Darcy foi, junto com o então consultor geral da República, Waldir Pires, o último a sair do Palácio, no dia 2 de abril, desligando o registro de luz do Planalto.
O que lhe restou naquele momento foi o exílio, o primeiro de três que viveu, e em seus relatos ele nos fala bastante a respeito da experiência do exílio. O incansável Darcy permaneceu atuando durante as temporadas em que foi obrigado a viver fora do Brasil, na escrita de seus livros e também trabalhando a favor da educação e das reformas sociais nos países onde viveu, tendo sido, por exemplo, assessor de Salvador Allende, antes do golpe de Pinochet que acabaria com o sonho de uma revolução instituída pelo voto popular, e daria início a uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina.
Por tudo isso, pela trajetória do autor e pelo que ele significa para o Brasil, este é mais um livro fundamental de Darcy Ribeiro, para ampliar nosso conhecimento e compreensão de nossa história recente, num momento em que já se completaram cinquenta anos do golpe e muito do que foi vivido passa a ser mais amplamente conhecido pela sociedade brasileira.
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