Um omelete lá na Índia

Omelete em Bombaim, livro de contos de título inusitado, foi publicado pela primeira vez em 1946, reunindo 14 narrativas curtas do mestre do gênero Orígenes Lessa. Foi seu quinto livro de contos, seguindo-se a O escritor proibido, seu primeiro livro, de 1929, Garçon, garçonette, garçonnière, do ano seguinte, A cidade que o diabo esqueceu, de 1931, e Passa-Três, de 1935.

Ambientados em sua grande maioria em São Paulo, cidade em que o autor, nascido em Lençóis Paulista, passou parte da vida, os contos são ambientados na década de 1940, ainda que não haja praticamente demarcação de datas, mas há a presença dos costumes próprios da época. Contos predominantemente urbanos, são marcados por um tom coloquial, com a presença de vários diálogos, e por seu humor, que parece recobrir a todas as histórias,

“A aranha”, por exemplo, traz um narrador que é um escritor a quem sempre se oferecem “assuntos” para contos, coisa que o enfastia, mas que desta feita acabará sendo envolvido na história de uma relação de companheirismo entre um homem e uma aranha-caranguejeira, unidos pela música. Já “A herança” fala de um jornalista, diretor de jornal, que se vê às voltas com visitas incessantes de pessoas postulando a herança de um milionário norte-americano recém-falecido, cuja notícia de que ele deixara o único herdeiro no Brasil fora publicada pelo seu jornal, a partir de um telegrama que teria vindo dos Estados Unidos. “As gêmeas”, por sua vez, é um conto com elementos de suspense e erotismo, sobre a convivência de dois casais em uma mesma casa, em que ambas as esposas eram gêmeas idênticas, tirando-se daí as consequências que se pode imaginar.

Membro da Academia Brasileira de Letras, Orígenes Lessa foi romancista, contista, ensaísta, autor de teatro, de reportagens e de muitos livros infantojuvenis. Foi também roteirista de televisão e de cinema e redator publicitário, além de haver adaptado clássicos para o público infantojuvenil.

A presente edição de Omelete em Bombaim, pela Global, teve o texto estabelecido por Eliezer Moreira, autor também do posfácio a respeito da produção de Lessa, bem como do glossário e da nota biográfica que acompanham a publicação.