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Como se soltos na água do mar – Identidade e Realidade na Literatura de Marguerite Duras

  • Marina Ruivo
  • 16 de jun. de 2015
  • 2 min de leitura

Como se soltos na água do mar – Identidade e Realidade na Literatura de Marguerite Duras, de André Brandão, é um livro interessantíssimo, e isso por várias razões.

A primeira delas tem a ver com a origem do trabalho, muito singular. Monografia de final de curso de graduação, não foi defendida, como se poderia facilmente supor, num curso de Letras, e sim para a conclusão do curso de Engenharia Mecânica do Massachusetts Institute of Technology (MIT). André Brandão, que durante a faculdade passara seis meses estudando em Paris, onde se encantou com a obra de Duras, aproveitou-se do fato de que o MIT possui uma excelente faculdade de Humanidades, Artes e Ciências Sociais e, por meio de seu departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras, apresentou a monografia, escrita inteiramente em francês.

Mas seu livro vai muito além desse dado curioso. Com um texto bastante fluente, a forma como ele desenvolve a abordagem da obra de Duras é fascinante. Sua proposta é refletir sobre o caráter autobiográfico nessa produção que tão intimamente aproximou literatura e vida. Para tal, parte de considerações sobre a fluidez existente nas concepções de realidade propostas pela ciência a partir da teoria quântica. Brandão, depois de mostrar as similaridades reais existentes entre episódios da vida da escritora francesa e episódios tais como estão em suas obras, nos mostra como a própria questão da classificação dos textos de Duras não faz sentido para os parâmetros em que eles se constroem, à medida que eles se configuram a partir de noções que não possibilitam os rígidos limites e distinções impostos pelas categorias biografia, autobiografia, ficção. Em Duras, os limites são fluidos e é impossível deslindar o que é do que não é realidade. Como André Brandão nos faz ver, isso não é um problema. Ao contrário, é mais uma característica a enriquecer a nossa experiência de leitura de Duras.

Com texto de orelha assinado pelo escritor Deonísio da Silva, a edição conta ainda com uma apresentação da professora que orientou o trabalho do autor no MIT, a professora Isabelle de Courtivron, bem como traz ao final uma breve biografia de Marguerite Duras e a indicação de suas obras.

O livro de Brandão, com suas 95 páginas, certamente desperta para o fascínio da literatura de Duras aqueles que ainda não a conhecem, assim como traz novas e fecundas reflexões para aqueles que já navegam em suas águas.

BRANDÃO, André. Como se soltos na água do mar - Identidade e Realidade na Literatura de Marguerite Duras. São Paulo: Global, 2002.

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Geração armada: literatura e resistência em Angola e no brasil
É o título do livro originado da dissertação de mestrado que defendi na USP, no programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. Trabalhei com o romance A geração da utopia, do escritor angolanod Pepetela, e com o testemunho Viagem à luta armada, de Carlos Eugênio Paz, ex-militante da ALN.

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